Não havia ninguém. As portas estavam trancadas, e o manto branco da última nevasca ainda dormia sobre a grama verde de Alice.
Lá estava ele. Perdido entre a imensidão branca de seu jardim. O pequeno sol de jardim, que dera a ela no nosso primeiro dia juntos.
Ainda estava lá. Tudo. Toda a minha felicidade. Meus sorrisos, minhas dores. Eu ainda estava lá.
O mais engraçado do amor não é a forma como ele começa. Nem a bizarrice com que se mantém. Mas a frieza com que termina. A tristeza com que se desgasta. Deixando os sorrisos para mais tarde, a felicidade para um “daqui a pouco” ou um “talvez iremos amanhã”.
O verão já havia acabado há muito tempo. Mas, de alguma forma, eu vivia nele por todo aquele tempo.
Toquei a porta com a palma da minha mão. De fato, e mais uma vez, eu estava sozinho. Sem Alice, sem mim.
Então me dirigi para a saída, pronto para ir embora, de novo.
Lá estava ela. Sorrindo. Mais doce do que de costume. Ela sorriu e disse “olá”.
Eu sorri e disse: “que coincidência”.
Então ela colocou sua mão sobre meu ombro, e meu coração disparou.
Eu sorri . Ela sorriu. E nós entendemos que não havia nada a ser feito.
O amor é assim mesmo. Tem suas fases. Às vezes some como o sol no inverno. Mas, ele continua lá, de alguma forma.
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