30 de nov. de 2010

lembrei de esquecer,

Um amor esquecido entre as caixas do porão. Como um velho álbum de fotos da adolescência. Nunca cansamos de relembrar. Embora o tempo se encarregue de afastar o presente para a linha cronológica do passado, as marcas permanecem eternamente. Dentro de mim. Dentro de nós.

ironia, apresento a você

Tão irônico quanto o ódio que alimento dentro da minha alma, é o amor que armazeno em meu coração. Dilacerando-me aos poucos, revivendo-me constantemente. Entre um fio de incertezas, prossigo em silêncio, porque sei que jamais tomarás por mim durante a noite, em teus sonhos.
E ainda que me fale o coração, sobre o amor que corre por entre meus dedos, não abrirei os olhos para o abismo novamente. Hoje sei o que quero. Amor. Apenas amor. Verdadeiro e incondicional. Um amor que se escreve nas entrelinhas dos seus relatos, mas não liberta-se em meu corpo.

25 de nov. de 2010

na escuridão,


Tenho me sentido como uma sombra na escuridão. Uma existência inexistente.
Tenho provado dos sabores mais amargos. Dos desejos, os mais inexplicáveis. Das idéias, as mais impossíveis.
Gostaria de entender o que tenho feito com minha vida desde então. 
Só que aí você volta e diz que vai ficar tudo bem, e de repente eu paro de me auto-criticar. Eu paro e esqueço de tudo. Esqueço de  mim e da minha inexistência.
Então você some mais uma vez e eu continuo um ciclo vicioso de pensamentos. E tudo isso tem acabado comigo. Tudo isso tem desfocado a sombra que sou desse mundo imundo. Tudo isso tem me tornado invisível.

22 de nov. de 2010

à sombra,

Meu medo era o próprio medo. Um arrepio quente que subia e descia. Um suspiro que assobiava vocalmente em solo tristonho. Nas pontas dos dedos, cantarolavam as notas desenhadas do papel já gasto. No escuro, acendia-se uma luz amarelada de vela branca. E os teus olhos estendiam-se aos meus, devagar. Era um sorriso triste, afinal. Um grito silencioso, que definhava a alma aos poucos, quase imperceptivelmente. Um silêncio agudo que implorava pela tua voz.

somos a imperfeição perfeita,

  Minha imperfeição,
é teu rosto aquarelado na parede.

bagagem,

O fato de manter meu sorriso no rosto, não significa que esqueci dos espinhais por onde passei.

me amar,


Você pode
até não me amar,
mas no fundo, eu sei,
tudo passa, tudo se inverte.

a gente,

Mas afinal, nós dois sabemos que não chegaríamos a lugar nenhum, por medo de chegar a algum lugar.

20 de nov. de 2010

família, uma família;

Então você acorda no meio da madrugada, ouvindo gritos. Não há novidade. Apenas mais uma noite, como todas as outras que antecedem seus bons sonhos e seus minutos de liberdade.
Mais uma vez você se depara com a dor e a revolta. Dessa vez elas acomodam-se em vosso sofá e tomam o vosso leite. Fazem da tua dor uma orgia, do teu silêncio um recanto. Abusam de vossa inexperiência para causar-lhe sensações incômodas.
E então, mais uma vez seus lábios abrem com a força da alma, mas não proferem uma única palavra. Mais uma vez você diz que da próxima vez as mudanças acontecerão. Mais uma vez você sabe que não haverá nada.
É simples. Todo amor que acusa também protege. Todo carinho que acalenta também fere. Toda mão que segura também solta.
Mas, às vezes, só para variar, gostaria de lembrar a última vez que você sorriu e disse: amo você família.
...

17 de nov. de 2010

denominando você,

Então ele abriu os olhos. E pôde ver tudo que jamais havia visto antes.


E então ele viu a alegria, a amizade e o sorriso. E viu o mundo. E viu as pessoas.

Sentia um frescor no peito. E aquilo denominara de VIDA.

Uma inspiração, uma brisa calma que acalentava-lhe o peito. A isso denominou de LIBERDADE.

Logo vieram outros como ele, que o faziam sorrir. Que o faziam bem. Isto ele chamou de AMIZADE.

Como este mundo era perfeito! Ah, ele pensava todos os dias na sua felicidade. Como sentia-se bem vivendo!

E então, por detrás das muralhas enobrecidas pelo sol, veio a tempestade. Ao primeiro ver, desceu iluminando tudo a sua volta.

Os olhos escuros e profundos como a noite traziam mistérios e dores ocultas em si. Os cabelos curtos e lisos que tocavam levemente os ombros delicados da dama. Ela sorrira, e num segundo tudo ficara melhor. Seu coração transbordava em uma alegria radiante, que parecia-lhe que sairia a dançar pelas ruas.

Ao primeiro ver, tudo ficara ainda melhor. Tudo ficara perfeito.

Mas as nuvens enegrecidas aguardavam no céu o aviso. Estavam prestes a inundar o cântico alegre do moço.

Vieram então as notícias do recente noivado da dama com um jovem de boa família da capital. E o casamento, e os filhos.

Um ardor surgiu em seu peito, queimando-lhe vagarosamente a alma. A isso, chamou de CIÚME.

Aos poucos perdia os movimentos, os pensamentos, os sorrisos e a calmaria. Tudo parecia correr mais devagar. O relógio parecia não andar e o dia parecia não chegar nunca. Sentia-se em uma escuridão eterna.

As coisas iam perdendo a graça de outrora. Até mesmo as flores que pintavam o jardim de alegria, pareciam ter perdido o encanto.

A toda essa súbita felicidade, trazida com um ardor e um sutil desgaste, a tudo isso, ele deu o nome de AMOR.

15 de nov. de 2010

Telefones,

-Alô?
-John? Nossa que coincidência!
-Coincidência? Mas você ligou pro meu celular!
-A é, claro. Eu quis dizer que nunca imaginei que você fosse atender seu próprio celular, foi isso.
-Sei.
-E então, o que quer?
-Ahn?
-O que quer? Sabe, você atendeu o telefonema.. o que você queria comigo?
-Mas foi você quem me ligou! Eu só atendi o telefone!
-Ah John, você continua o mesmo. Nunca admite o que faz..
-Você devia se tratar...
-Ah John, cansei da sua insegurança e falta de atitude. Adeus! Não me procure mais!

separação,


-Ah querido, caso não se importe, deixei suas roupas lá na rua.
-Como assim na rua?
-Bem, na verdade eu atirei todas pela janela mesmo. Mas estão inteirinhas. Isso é, se ainda estiverem lá.

-Você ficou doida?
-Relaxe querido. Relaxe.

13 de nov. de 2010

normalidade existencial

Ontem me perguntaram porque eu sempre prefiro o renegado.
Então eu sorri, e perguntei "o que é renegado para você?"
Ele coçou a cabeça e me disse "você sabe, essas bandas estranhas, essas roupas coloridas, essa coisa de não beber, não ir em festas, não beijar pessoas"
Fiquei séria e lhe olhei nos olhos. Coloquei minha mão sobre seu ombro e disse "e quem disse a você que o certo era o contrário de tudo isso?"
Ele ficou confuso. Então, tentou explicar-se: "todas as pessoas gostam disso, então.."
"Algumas pessoas gostam de rosas vermelhas. Outras preferem os lírios. Quem é renegado agora?"
Ele ficou em silêncio.
"São apenas gostos. Diferenças..E só para que você saiba, eu prefiro as rosas brancas."
Sorri. E segui em frente.

você pode?

Você pode abrir os olhos agora,
Pode sorrir sutilmente.

Você pode abrir os braços,
Pode segurar minha mão carinhosamente.

Você pode sentir o meu cheiro,
Pode dizer que sou o que esperava que eu fosse.

Você pode ser perfeito,
Pode me satisfazer.

Mas, você pode ser você,
Pode me surpreender.

Você pode me conquistar pra sempre,
Pode me fazer acreditar que você realmente pode.

uma sonhadora. uma garota sonhadora.

Sempre sonhei com um final digno de filme romântico. Eu queria um cara que me trouxesse flores, me levasse para a beira do lago e me dissesse coisas bonitas. Eu queria que ele fosse inteligente e divertido. E não uma coisa só.
Mas aí, mas aí de repente esse cara surgiu, vários deles. E nenhum, nenhum fazia o menor sentido pra mim. Eles só eram caras. Caras perfeitos..
O problema, é que eu nunca havia percebido que eu não era a garota perfeita. E eu não poderia conviver com toda essa perfeição, porque eu realmente gosto de defeitos.
Sabe, eu sou extremamente neurótica pelo amor. Já me apaixonei por mais de dez caras perfeitos. E eu sempre choro e sofro. Não por eles, mas porque eu sempre acabo percebendo que eles poderiam ser o meu final feliz, e não foram.
Na verdade eu sempre acho que vou encontrar o cara perfeito no meio da rua. E que quando ele olhar pra mim, eu vou estar sorrindo, e ele vai ver tudo mais devagar, e vai sentir uma coisa estranha no peito.
Eu sempre acho que as coisas podem ser diferentes comigo. E acho que mais ninguém é capaz de compreender isso. Mas quer saber, talvez esse seja o sinal verde, quando ele me encontrar...

4 de nov. de 2010

ainda é você,

Você pode simplesmente me considerar como mais uma. Pode abrir a lista a escrever meu nome no final. Você pode dizer que não fui nada, ou nem dizer.


Você pode não lembrar de mim. Pode esquecer meu nome. Pode desejar me ver longe. Você pode não me amar. Você pode me ironizar, me deter, me magoar.

Mas infelizmente nada do que fizer pode me fazer esquecer. Nada do que disser pode me preencher.

Você ainda alimenta minhas vontades mais profundas, meus medos mais obscuros, minha saudade mais dolorida. Você ainda causa minhas lágrimas, minha raiva, minha calmaria. E ainda é em você que penso, quando me falam sobre o amor e suas histórias utópicas.

Embora não mereça, embora não deva, ainda é você que maestra todas as minhas canções de amor. Ainda é você que pontua sentimentos. Mas você não vai saber de mim, não vai me ver de novo. Porque sou eu quem decide como sofrer, viver e amar. E eu decidi a distância. Milhões de quilômetros tentam apagar coisas que o coração não quer destruir. O que eu não posso esquecer, com você aqui...

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