22 de ago. de 2010

Um paralelo entre o espírito e a carne

É irônica a forma como encaramos o mundo e as outras pessoas. Buscamos individualidade o tempo todo, discursando por ação CONJUNTA.


Você já notou quantas vidas, quantos problemas, quantas idéias e mundos diferentes cruzam a cada segundo de sua vida?

Trabalho a quinze anos como socióloga. Meu emprego jamais fora renomado ou sequer desejado por alguém. Você vê todos os dias crianças desejando a dança, a arte, o salvamento, as leis humanas. Mas nunca viu, nem há de ver, crianças desejando a sociologia ou a psicologia. É irônico. O homem buscou e ainda busca razão para milhões de problemas físicos e biológicos. Querem acabar com o câncer, encontrar a cura para anomalias genéticas. Alguns estudam durante anos para buscar uma resposta.

Todos querem a paz no mundo, o fim dos crimes, dos roubos, do perigo, da desigualdade. Todos, por mais sórdidas que sejam suas razões, querem um mundo menos materialista e mais emocionalmente equilibrado. O fato, é que nós sociólogos e filósofos temos a mania incessante de analisar o mundo como um distante, como grande.

Estabeleci muitas teorias durante a vida sobre a individualidade do mundo, mas jamais me ocorrera o fato de que eu mesma era um ser extremamente individual, mesmo que inconscientemente.

Recordo-me ainda de quantas vezes, durante minhas pacatas aulas sobre compaixão e comportamento humano, vi a juventude torcendo o rosto para minhas idéias. Mas, eu estava certa, e a discordância era resultado de falta de EXPERIÊNCIA. Bem, talvez realmente fosse mesmo, de minha parte, obviamente.

Há alguns dias descobri que experiência não se reflete em idade carnal, mas sim na espiritual. Isso explica porque muitas crianças tornam-se adultas tão cedo, enquanto outras levam a vida para aprender a caminhar sozinhos.

Eu sou o segundo tipo de pessoa. Vejam bem, esta é a minha teoria, não uma verdade absoluta.

Na minha concepção, você pode encaixar-se em um dos dois tipos de pessoas existentes no mundo. Ou é evoluído ou não é. Não há meio termo.

As pessoas evoluídas, protegem e compreendem qualquer outra, mesmo que na primeira vez de conversação. Elas são providas de paciência e sabedoria. Não são necessariamente sábias na concepção humana. Mas, obrigatoriamente sábias espiritualmente. Não torça o nariz para o que acabou de ler, amigo.

Bem, suponho eu, que talvez você não acredite no espiritual. Isso leva você a outras duas opções de pessoas. As evoluídas carnalmente e as não evoluídas.

Apesar de não acreditarem no espiritual, essas pessoas conseguem estabelecer boas relações com os outros e com o mundo. Sabem ouvir e falar, quando são chamadas. Porém, não seriam capazes de estabelecer relações com outros espiritualmente.

Embora nossa espiritualidade e mediunidade exista além de nossas crenças, estas, só podem ser melhoradas e formuladas com o conhecimento espiritual. Você pode ter o dom, mas, se escondê-lo de si mesmo, não evoluirá.

De qualquer forma, essas pessoas evoluídas, tanto espiritualmente como na vida carnal, percebem os problemas alheios. Na verdade, todos percebemos, mas, alguns de nós, inclusive eu, fechamos os olhos para isso.

É fundamental que sejamos mais receptivos com o mundo e com Deus. Você não precisa acreditar na bíblia, nem em padres. Mas, é necessário acreditar em si mesmo e no poder de influência que estabelece com o mundo. Você não se forma sozinho, é formado pelas crenças e pelo mundo. E isso, é um ciclo vital, onde você mesmo contribui na formação dos que estão à sua volta.

O individualismo e a ação conjunta andam juntas. Precisa-se formar muitos “eu’s” para criar um “nós”.

9 de ago. de 2010

Macieiras

Por um segundo eu acreditei que o mundo tivesse parado para nos observar. Você segurava uma rosa vermelha entre os dedos apertados da mão direita, enquanto sua mão esquerda acalentava as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.
Talvez o mundo tivesse mesmo parado para segurar minha mão. Ou apenas esperassem por mais uma queda humana.
Seus olhos já não possuíam mais a voracidade e a vividez de outrora, e agora, pareciam-me tão serenos que esboçavam um vazio imenso. As mãos frias que tocavam meu rosto, possuíam uma acidez gélida e sofrida. Senti meu desejo que fora tão intenso, dispersar-se aos poucos, como folhas de uma macieira no outono. Embora não houvessem frutos de nossa relação, eu sabia que se as maçãs caíssem, ainda assim serviriam de adubo para uma nova estação, carregada de folhas verdes.
Eu sabia que nosso amor havia definhado-se aos poucos nos últimos anos. Mas sabia que além de tudo, essa experiência seria o adubo para muitas outras que viriam.
De fato, o amor é eterno. Assim como as maçãs, o amor renova-se constantemente. Algumas maçãs perduram intocáveis por um longo tempo, passando pelo processo de amadurecimento seguido por seu declínio, e então, quando já não podem mais servir-se para o mundo, as maçãs velhas servem para o crescimento de novas frutas na árvore.
Se ao contrário do livre processo de amadurecimento das maçãs, elas são retiradas cedo demais da árvore, não servirão para alimento, nem tampouco como adubo para as próximas gerações.
Você precisa cultivar o amor. Só assim ele crescerá e servirá a você no presente e no futuro.

1 de ago. de 2010

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Fora dificil olhar-le nos olhos outra vez. Sentia uma dor por dentro, que avançava por meu corpo aos poucos. Era como reviver tudo outra vez. Todas as vezes em que eu fechava meus olhos, esperando acordar de um pesadelo.
Era estranho vê-lo ali parado, diante de mim outra vez. O mesmo homem que havia dormido sobre o mesmo teto um dia, agora parecia-me um estranho completo.
Nenhuma palavra, nenhuma lágrima. Não haviam desculpas a serem pedidas, nem mesmo sorrisos a serem compartilhados. Ele viera com o único intuito de buscar as últimas roupas que ficaram no armário. Mais nada.
Eu poderia ter começado uma longa discussão. Poderia ter exigido meus direitos, exposto minhas dores. Mas simplesmente não importava mais. Simplesmente eu não queria mais.
Um amor que de todo não é recíproco, não há salvação. Não há matéria, medo ou tempo que acalme o fim. Eu sabia que talvez o tempo me emprestasse alguns meses a mais. Mas sabia ainda mais fortemente e com maior convicção que o fim chegaria de uma forma ou outra.Era inútil proferir qualquer palavra.
Pegou a última mala e abriu a porta devagar. Ainda sem nada a dizer, apenas consenti com a cabeça um adeus imaginário.
A porta bateu e eu vi mais uma vez a solidão. Não por estar só, mas por ter estado acompanhada por um vazio durante tanto tempo.
Sinto que a melhor companhia às vezes, somos nós mesmos.

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