10 de out. de 2010

monocromia,

Talvez só haja um vazio. Talvez tudo tenha se instalado nas marcas mais sombrias de uma tristeza aparentemente imaginária.



Você já sentiu a chama entre os dedos esvair-se e desaparecer aos poucos? Já teve tudo por um segundo, e com o fechar dos olhos, descobriu-se em nada?


As coisas degradam-se pela ação do tempo. O colorido vai ficando monocromático enquanto você segura a ampulheta dos sonhos. A brisa não te acalenta mais, o sol não te enobrece, a paz não te descobre. E há uma insistente dor que segue calmamente por todas as direções, por todos os caminhos. Como uma sombra. Como um nada.


Indiscretamente você vai percebendo que o mundo te observa. Inacreditavelmente as pessoas podem vê-la. Elas sempre souberam sobre você.


Talvez elas simplesmente não quisessem estender a mão.


Sempre há alguém, no qual desejamos a proteção e o amor. Sempre há alguém por quem estenderíamos a mão em possessão.


Você já quis dar um pedaço de céu a alguém? Já tentou desesperadamente arrancar um pedaço de si, buscando um conforto que não possuía?


O amor acolhe, a paixão encanta. E aí surgem os medos e as fraquezas. Surgem as inseguranças e as neuras. E de repente não há mais brilho nos olhos, não há mais final feliz. Geralmente não há nem final.


É como se todas as coisas pausassem com reticências intermináveis. Onde todos sabem o que vem a seguir, mas nenhuma boca atreve-se a proferi-lo.

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