1 de ago. de 2010

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Fora dificil olhar-le nos olhos outra vez. Sentia uma dor por dentro, que avançava por meu corpo aos poucos. Era como reviver tudo outra vez. Todas as vezes em que eu fechava meus olhos, esperando acordar de um pesadelo.
Era estranho vê-lo ali parado, diante de mim outra vez. O mesmo homem que havia dormido sobre o mesmo teto um dia, agora parecia-me um estranho completo.
Nenhuma palavra, nenhuma lágrima. Não haviam desculpas a serem pedidas, nem mesmo sorrisos a serem compartilhados. Ele viera com o único intuito de buscar as últimas roupas que ficaram no armário. Mais nada.
Eu poderia ter começado uma longa discussão. Poderia ter exigido meus direitos, exposto minhas dores. Mas simplesmente não importava mais. Simplesmente eu não queria mais.
Um amor que de todo não é recíproco, não há salvação. Não há matéria, medo ou tempo que acalme o fim. Eu sabia que talvez o tempo me emprestasse alguns meses a mais. Mas sabia ainda mais fortemente e com maior convicção que o fim chegaria de uma forma ou outra.Era inútil proferir qualquer palavra.
Pegou a última mala e abriu a porta devagar. Ainda sem nada a dizer, apenas consenti com a cabeça um adeus imaginário.
A porta bateu e eu vi mais uma vez a solidão. Não por estar só, mas por ter estado acompanhada por um vazio durante tanto tempo.
Sinto que a melhor companhia às vezes, somos nós mesmos.

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