9 de ago. de 2010

Macieiras

Por um segundo eu acreditei que o mundo tivesse parado para nos observar. Você segurava uma rosa vermelha entre os dedos apertados da mão direita, enquanto sua mão esquerda acalentava as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.
Talvez o mundo tivesse mesmo parado para segurar minha mão. Ou apenas esperassem por mais uma queda humana.
Seus olhos já não possuíam mais a voracidade e a vividez de outrora, e agora, pareciam-me tão serenos que esboçavam um vazio imenso. As mãos frias que tocavam meu rosto, possuíam uma acidez gélida e sofrida. Senti meu desejo que fora tão intenso, dispersar-se aos poucos, como folhas de uma macieira no outono. Embora não houvessem frutos de nossa relação, eu sabia que se as maçãs caíssem, ainda assim serviriam de adubo para uma nova estação, carregada de folhas verdes.
Eu sabia que nosso amor havia definhado-se aos poucos nos últimos anos. Mas sabia que além de tudo, essa experiência seria o adubo para muitas outras que viriam.
De fato, o amor é eterno. Assim como as maçãs, o amor renova-se constantemente. Algumas maçãs perduram intocáveis por um longo tempo, passando pelo processo de amadurecimento seguido por seu declínio, e então, quando já não podem mais servir-se para o mundo, as maçãs velhas servem para o crescimento de novas frutas na árvore.
Se ao contrário do livre processo de amadurecimento das maçãs, elas são retiradas cedo demais da árvore, não servirão para alimento, nem tampouco como adubo para as próximas gerações.
Você precisa cultivar o amor. Só assim ele crescerá e servirá a você no presente e no futuro.

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