21 de mar. de 2010

Simplicidade

Um olhar discreto, um sorriso escondido por trás das mãos, uma cor rosada no rosto envergonhado
Uma flor amarela no jardim, uma estrela nova no céu, uma nuvem em forma de avião
Um calafrio de manhã cedo, um bocejo, uma palavra dita errada
Uma caixinha de papel, um pedaço de jornal, um aquário velho
Um relógio sem pilhas, um duende de barro, uma toca de Papai Noel
Uma pena branca, uma gota d'água, uma carta de amor
Um lápis, uma folha seca
Sem detalhes, sem importância
Não me faz falta, não me traz nada além de lembranças
Não tenho medo, não tenho amor, não tenho dinheiro

Nada disso me satisfaz
Quero mais, sempre mais do que posso ter
Mas e então, no meio dessa confusão

Perco tudo que me alegra.

Nessa solidão, talvez viesse a calhar esse teu sorriso sincero
Essa vergonha discreta,
Essa simplicidade bela que me deram.
E o teu relógio sem pilhas me indica que o tempo para,
Toda vez que esqueço de olhar as horas.


Só não para,
Senhores,
só não para esse tempo de viver.

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